A noite em que Waldick Soriano redesenhou o society carioca

Encontrei esse delicioso texto de Renzo Mora, que me fez viajar ao início dos anos 60 e recordar o meu primeiro “copo” de vinho, o abominável – não naquela época –  Liebfraumilch, aquele da garrafa azul, importado diretamente da Alemanha. Waldick Soriano, então casado com uma tucanense que seria parente do meu pai, viera a Euclides da Cunha, para se apresentar no Cine Maria da Graça. Fui recepciona-lo no Hotel do Guinho, que ficava na Rua da Bomba, onde hoje está instalada a loja Canário Materiais de Construção. Calça de veludo cotelê marrom, camisa xadrez, sapato mocassim, chapelão de cowboy e o indefectível óculos escuros, subimos a pé para a Praça Duque de Caxias e fomos ao Café Society, o bar de Zezito, pai do popular Nei Campos, localizado onde hoje funciona o Bar Princesinha. Ali, retirou da sacola, aquela linda garrafa e me ofereceu um copo com o “leite da mulher amada”. Foi o primeiro de milhares de outros copos de vinho que até hoje venho degustando e aprendendo. Obrigado WaldicK!

                                                                                                                                            Celso Mathias

Há dois Rios – O de antes e o de depois da passagem de Waldick Soriano pela boate Flag

Janis Joplin foi barrada na porta da Flag, um dos templos da boêmia e da boa música do Rio de Janeiro nos anos 1960. Em compensação, Elis, Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Sarah Vaughan não apenas passaram pelo porteiro do festejado club do Chef José Hugo Celidônio em Copacabana como deram canjas memoráveis, acompanhadas ao piano pelo mestre Luís Carlos Vinhas.

Com esse finíssimo pedigree, deve ter provocado alguma espécie o show agendado para aquele dezembro de 1971: O rei da cafonice, Waldick Soriano. Nos dias de hoje, quando milionários com déficit proteico na infância (fator identificado como inibidor de QI) ouvem abominações neo-sertanejas à guisa de música, talvez a mistura não provocasse tanta estranheza. Mas, naqueles tempos, o dinheiro não se limitava a exibir grifes: tinha que mostrar refinamento – ou pelo menos alguma imitação relativamente passável. O show de Waldick no Flag tinha sido um arranjo de Beki Klabin, a extravagante milionária turca que animava as noites cariocas. A ex do cirurgião plástico Hosmany Ramos (mais tarde preso por tráfico internacional de drogas), conhecida pela ausência de atrativos não monetizáveis, estava nos bastidores do programa do Chacrinha (onde era – vá lá – “jurada”) quando encontrou o intérprete baiano e rendeu-se ao seu charme rústico, iniciando um comentado romance.

Waldick foi agendado como um freak show, uma piada para milionários entediados, uma espécie de atração de safári fotográfico pelo subúrbio. Mas eles, obviamente, não sabiam com quem estavam lidando e cometeram o erro de menosprezar nosso Johnny Cash. Vamos começar, bem, pelo começo: Waldick teve uma origem tão pobre quanto Cartola, por exemplo. Angenor de Oliveira foi, como ele, servente de pedreiro (usava um chapéu-coco para se proteger do cimento que caía de cima, o que lhe valeu o apelido).

Eurípedes Waldick Soriano iniciou sua vida profissional no mundo não exatamente cordial do garimpo, onde qualquer mínima desavença pode terminar em assassinato. Ele próprio por pouco não matou o novato desavisado que deu um tiro em seu bicho de estimação – uma jiboia de nome Índia (a tristeza com a morte da cobra teria sido a razão dele ter abandonado as pedras preciosas da baiana Serra da Coruja). De lá, juntou seus trocados e partiu para as ruas de São Paulo, determinado a virar cantor. Antes disso, foi engraxate – e não seria impossível que pouco tempo antes ele tivesse lustrado o sapato de alguns de seus espectadores daquela noite na Flag. Cartola escreveu sambas memoráveis, como “As Rosas Não Falam” e “O Mundo é Um Moinho”. Mas Waldick compôs – entre outras pérolas – “Tortura de Amor”,    genial bolero eternamente ignorado pelos estudiosos de música, o que deixa claro: o andar de baixo pode fazer música, desde que circunscrita a um gênero devidamente chancelado pela intelligentsia. O resto é brega e não falamos mais nisso.

Para aprisioná-lo ainda mais no último círculo do folclore nativo, o visual de Waldick era produto de sua tentativa duvidosa de emular o estilo de seu ídolo das telas, Durango Kid – terno preto, chapéu e óculos escuros. A primeira aparição de nosso man in black devidamente paramentado provocou o que ele chamou de “mangação” por parte da cafajestada de um bar em sua Caetité natal. Ele colocou seu cavalo para cima dos “mangadores”, espancou os desajuizados que não fugiram e impôs seu look definitivamente. E foi de cowboy de matinê que ele venceu as portas da Flag. O início foi frio. Waldick não conhecia o público – e este ignorava qualquer canção de seu repertório que não fosse a icônica “Eu Não Sou Cachorro Não”. Mas sua química começou a funcionar. As mulheres começaram a beber. E, bebendo, começaram a sentir a combinação mortal de Scotch 12 com os feromônios fermentados com cal no pátio de uma construção. Ao final, como ele próprio contou em suas memórias “…a festa chegou ao máximo. Tirei o paletó, abri a camisa e subi no piano. As granfinas vinham me cumprimentar, abraçando-me, beijando-me… uma delas, quando me beijava boca-com-boca, língua-com-língua, deu-me uma sensação de loucura tão grande que caímos ali no meio do salão e fomos apartados, porque senão a briga era feia, naquela hora o troço seria imprevisível”. Sergio Bitencourt registrou em sua coluna no jornal O Globo de 22/12/1971: “Foi uma loucura. Não dava nem para periquito voar. De repente virou histeria. Gente que, sinceramente, eu nunca pensei, entregou-se”. Aquela noite no Flag deve ter deixado marcas indeléveis na sociedade carioca. Madames no Country Club passaram a ser julgadas com base em sua falta de resistência ao cantor. Reputações quatrocentonas devem ter desmoronado. Senhoras até então respeitáveis guardaram seus maiôs e desapareceram da piscina do Copacabana Palace. Casamentos estremeceram. Namoros viraram pó. Beki Klabin passou a ser – pela primeira vez – alvo da inveja de seus pares. Sócios de longa data podem ter rompido aos tapas depois de ouvir uma das partes comentar inocentemente “sua mulher, hein, como gosta do Waldick…” A piada da noite era Waldick. Mas ele riu por último.

 

 

 

Por Renzo Mora – escritor e roteirista. Publicou os livros “Cinema Falado”; “Sinatra – O Homem e a Música”; “Fica Frio – Uma Breve História do Cool” e “Frank, Dean & Sammy: 3 Homens e Nenhum Segredo”.

 

Ele desafiou a morte e viveu 256 anos

 

 

 

Quando uma pessoa chega aos 100 anos é considerada como célebre, por conseguir viver tanto tempo. Dercy Gonçalves e Oscar Niemeyer são dois exemplos de personalidades brasileiras que avançaram para além da marca do primeiro centenário. Mas o que você diria que teve um chinês que viveu 2 séculos e meio? Pode parecer mentira ou até mesmo contagem errada de idade, mas fato é que o mestre taoísta chinês, Li Ching Yuen chegou aos 256 anos de idade e muito bem vividos.

Conheça um pouco mais da história desse metre e como ele conseguiu a proeza de se manter lúcido e vivo por tanto tempo.

Li Ching Yuen – O chinês bicentenário era um herbalista e praticante de Chi Kung. Ele nasceu em 1677 e só morreu em 1933 de causas naturais. Apesar de parecer impossível de acreditar que um ser humano pode viver por tanto tempo, há alguns documentos que provam o fato.

Além disso, algumas técnicas espirituais praticadas por Li Ching Yuen são conhecidas por poderem prolongar e melhorar a qualidade de vida. Aliás, ele é o único homem, do qual é provado através de documentos, que viveu tanto. Não se tem registro de outra pessoa que tenha chegando à mesma idade ou ultrapassado em vida Li Ching Yuen em toda a história da humanidade.

Niemeyer e Dercy, são exemplos brasileiros de longevidade e lucidez

Práticas espirituais – O taoísmo, por exemplo, é uma tradição chinesa com ênfase na vida em harmonia com o Tao, ou seja, harmonia com o caminho, ou vida. Já o Chi Kung é um exercício de cultivo de energia. Essas práticas estimulam a circulação da energia Chi, ou energia vital do corpo.

 

A longevidade do mestre Li Ching Yuen é atribuída, além de outras coisas, justamente a essas práticas espirituais. Foi a partir desses exercícios e de estudos sobre alquimia e Medicina Tradicional Chinesa, que Li ching Yuen começou a doutrinar a mente e o corpo. Ele também passou a fazer exercícios, praticar meditação, aprender e aplicar a filosofia e a medicina na vida cotidiana.

O mestre chinês também mudou os hábitos alimentares e vitais. Ele passou a usar plantas medicinais com mais frequência, dormia e acordava cedo e não utilizava drogas, nem bebia, ou fumava. Com uma mudança desse tipo, tanto o corpo físico como o mental faz com que uma pessoa ganhe mais força e forma para viver.

O segredo da longevidade – No ano de sua morte, em 1933, a revista Time publicou um artigo intitulado “Tartaruga – Pombo – Cão” (Tortoise-Pigeon-Dog) sobre o mestre. Nele, Li Ching Yun foi questionado sobre qual seria o seu segredo da longevidade. Sem pensar na hipótese de negar o pedido, o mestre responde com veemência.

“Manter o coração calmo; Sentar como uma tartaruga; Andar vigorosamente como um pombo; E dormir como um cão”.

Ainda de acordo com este artigo, o professor chinês Wu Chung Chieh, que era diretor do Departamento de Educação da Universidade de Chengtu e o autor de texto, encontrou alguns registros sobre o chinês bicentenário relatando sua vida e o feito de viver por mais anos do que o comum.

Wu Chung Chieh conta que encontrou uma nota do Governo Imperial da China de 1827, que parabenizava Li ching Yuen pelo aniversário de 150 anos. Segundo o artigo, Li Ching Yuen teria se casado 23 vezes e tido mais de 180 filhos.

Outra referência sobre o mestre Li Ching Yuen é feita no livro Ancient Secrets of Youth, de Peter Kelder. No livro, um dos discípulos do mestre, chamado Da Liu, conta que quando Li Ching Yuen completou 130 anos, ele encontrou um eremita ainda mais velho que ensinou práticas de Chi Kung.

Essas práticas incluíam exercícios de respiração, movimentos com sons e recomendações de comidas e ervas medicinais. Tudo isso seria para aumentar, ainda mais, sua longevidade. Segundo o discípulo, o mestre atribuía a sua longa vida a todos esses exercícios.

Ele dizia que a longevidade “é devido ao fato de que realizei esses exercícios a cada dia, regularmente, corretamente, e com sinceridade, por 120 anos”!

A alimentação – Quanto à alimentação, os pesquisadores de humanos centenários – e nesse caso bicentenário – não chegaram a conclusão de Li Ching Yuen era totalmente vegetariano, mas se sabe que a carne vermelha foi abolida de sua dieta.

Pelos relatos, no entanto, percebe-se que um papel muito importante na nutrição do mestre era das plantas e raízes – in natura, ou chá. Os pesquisadores afirmam também que ele provavelmente consumia muito leite e derivados, para manter o cálcio nos ossos.

Essa fotografia foi feita por um membro do Exército Nacional Revolucionário Chinês em 1927, na cidade de província de Sczechuan. O mestre Li_chingYuen1 foi retratado por esse membro do exército como “sua visão era perfeita e sua pele firme; Li tinha cerca 2m. de altura, unhas muito longas e compleição forte.”.

 

                                                                Por Celso Mathias/Agpress

Mr. Vegas: o Ciro que eu conheci

 

Há dois anos, na data de hoje, perdíamos o empresário Ciro Batelli. Eu, perdi um amigo! E, pelas circunstâncias que Ciro nos deixou, fiquei esses dois anos imaginando que recado deixar para a família Batelli e para outros

inúmeros amigos, que como eu, apesar dos 85 anos de ele tinha, a morte foi uma surpresa. Ciro era um homem do mundo, um cidadão do mundo, mas com o temperamento e a postura da gente boa de Ribeirão Preto, onde nasceu e chegou a exercer a advocacia, profissão que abraçara na juventude. Versátil, foi além de advogado, produtor de fotonovelas, empresário da noite em São Paulo, até que a força do destino o levou para a direção do Caesars Atlantic City, onde o conheci por volta de 1985, durante show de Roberto Carlos.

Em Atlantic City, Ciro fez o inimaginável. Multiplicou as receitas do Casino, divulgou a atividade na Europa e no Oriente Médio, ali, transformou-se na maior autoridade do mundo, naquele ramo e também, uma grande autoridade em gente, no ser humano. Dali, para a vice-presidência da rede de hotéis-cassino Caesar Palace, em Las Vegas, foi um pulo, levando ao lugar uma leva de brasileiros para conhecer, curtir e gastar na cidade, o que lhe valeu o apelido de Mr. Vegas.

Com o ator Tony Curtis, amigo e vizinho em Las Vegas

O Ciro era um vetor de amizades. Conseguia transformar seus amigos em amigos entre si. Se relacionava com os garçons, crupiês, gerentes e pessoal da limpeza, da mesma forma como se relacionava com os bilionários donos e/ou acionistas dos grandes casinos, como Steve Winn do Bellagio e Sheldon Adelson do Venetian.

 

 

 

De 1985 em Atlantic City até 2002 quando deixei os circuitos internacionais, encontrei com Ciro  mais uma dezena de

Em Vitória na festa de VidaBrasil, com Gilberto e Mara Amaral, eu e o legendário Aramis Maia e o saudoso Paulo Cabral, presidente dos Diários Associados.

vezes, sempre em grandes eventos. Em Nova Iorque, em São Paulo, em Brasília, em Las Vegas, em Vitória, quando participou do aniversário da Revista Vida Brasil, da qual já fora capa e em Montevidéu, onde em companhia, entre outros dos grandes amigos dele e meus, Gilberto Amaral, Amauri Jr e Nelson Sardelli, entertainer brasileiro radicado nos Estados Unidos há mais de cinquenta anos e morador de Las Vegas.

 

 

 

Com o grande amigo Gilberto Amaral e a diva do jazz Dione Warwick

Nelson é uma figura impressionante e dono de uma trajetória que merece destaque. Na linda capital uruguaia, fomos participar, em um hotel de luxo da cidade, de um Casino de Ciro, em sociedade com o filho Fernando Batelli, à época, com pouco mais de 20 anos, um jovem que herdara o melhor do pai e da mãe Cristina!

Ciro com Vicent Falcone e o grande amigo Nelson Sardelli que aparece no detalhe com Mariska Hargitay.

O brasileiro Nelson Sardelli, morador de Las Vegas era também um dos grandes amigos de Ciro. Nelson tem uma história que merece um capítulo à parte. Famoso no mundo inteiro pelo romance que teve nos anos 60 com a grande atriz norte-americana Jayne Mansfield, fez carreira artista por lá e brilhou em importantes palcos e filmes. Há quem diga que ele seria o pai da premiada atriz Mariska Hargitay, nascida em 1964, filha de Jayne com Mickey Hargitay.

 

 

De Las Vegas, conheci o strip, através da Vênus Alada do Rolls Roice Corniche Branco, que Ciro ganhara dos acionistas do Caesars Palace, onde reinara como principal executivo. O “brinquedo inglês”, somava-se à Ferrai vermelha e a outros bólidos que Ciro guardava na garagem da mansão da Rua Batelli, onde morava e onde me recebeu na imensa sala com um autorretrato pintado por nada mais nada menos do que o ator Anthony Quinn e a ele dedicado.

Naquele dia, conheci também a ainda muito jovem Flávia, sua filha, o filho Fernando a sogra, Tata Lorichio, a quem Ciro dedicava um carinho muito especial e finalmente, a mulher Cristina, que comandava o Trilussa, luxuoso restaurante do casal, no Las Vegas Strip, onde almoçamos com muitas histórias, risadas e bons vinhos. Sendo amigo do marido, ela também me recebeu como se nos conhecêssemos a longos anos.

Roberto Carlos, Silvio Santos e a mulher, Isis, Faustão, Arnold Schwarzenegger, Cher, Dione Warwick, Ringo Star, Shirley MacLaine, Rudolf Nureyev, o então vice-presidente do Estados unidos, Dan Quayle e muitos outros do mesmo naipe, faziam parte do rol de amizades dele. Mas se você pensa que isso fazia de Ciro alguém presunçoso, comete um enorme equívoco. Com a mesma naturalidade que frequentava os lugares mais sofisticados do planeta e tinha amigos tão influentes e poderosos, tive a oportunidade de ir com ele em pequenos casinos arredores de Las Vegas, onde durante o dia, os mais simples empregados dos grandes Casinos, crupiês, seguranças, garçons e faxineiros, iam fazer suas apostas, comer sanduiches baratos e conversar. Talvez essa simplicidade foi que o tornou tão sábio para fazê-lo conquistar o que conquistou nessa passagem terrestre.

Sardelli, Lorraine, Ciro, Cristina, Tata e um amigo
Reportagem na Revista VidaBrasil em novembro de 1998

Pois, falar em sofisticação, brilho, luzes, boa música, carros de luxo, bons vinhos, bons conhaques, boa gastronomia e principalmente, boas amizades, Ciro era mestre em tudo isso, além de ser bom pai, bom filho, bom marido, bom genro e amigo inigualável. Tanto que, a sua partida aos 85 anos, pareceu precoce a todos nós. Eu, particularmente levei um grande susto. Por volta de maio de 2019, seu filho, Fernando postara nas redes sociais, uma foto num leito do INCOR e, embora recebendo soro, não tinha aparência de que estivesse padecendo de uma doença grave. Imaginei que aquele jovem de apenas 43 anos, tivesse sofrido um pequeno acidente de carro ou moto, sem gravidade. Em 05 de agosto do mesmo ano, tive a notícia da morte de Ciro. Ao ler sobre o assunto, descobri que Fernando Batelli morrera em 10 de junho vítima de câncer. Me dei conta então da tragédia que envolvera a família Batelli. Imaginei a grande dor do pai já no final da vida e mais ainda a de Cristina, Flávia e Tata ao perder em tão pouco tempo, duas pessoas tão queridas.

Que os dois estejam em paz, bem assim os que aqui ficaram!

Lendo a Revista VidaBrasil com a gerente internacional do Le Bristol de Paris, Gabrielle Hirn

 

 

Por Celso Mathias

Alberto o mulherengo

Eu o conheci há mais de 20 anos. Não no sentido bíblico, bem entendido, mas como uma boa amiga do querido Alberto. É claro que o nome dele não é este, mas serve perfeitamente para designar alguém que me impressionou como o tipo clássico do mulherengo, absolutamente romântico e invariavelmente infiel. O mais interessante, todavia, é que vim a descobrir esse traço tão vívido de sua personalidade só alguns anos depois de o conhecer. A princípio, Alberto foi sempre um elegante e educado cavalheiro. E continua sendo, porque recentemente conversei com ele e pudemos recordar um pouco dos velhos tempos. Inspirada na conversa, surgiu-me a ideia de dividir com os leitores minhas impressões sobre o que considero um clássico mulherengo, dos quais Alberto, sem dúvida, é por excelência um bom exemplo.

Embora muitos (e muitas) se perguntem se um mulherengo precisa ser bonitão, estou para lá de certa que não absolutamente. Alberto, por exemplo, não era, creio que nunca foi nem é agora tampouco. Ao vê-lo pela primeira vez, nenhuma mulher iria suspirar, porque se trata de um homem comum. Nada de olhos verdes, sorriso perfeito, corpo atlético. Sem ser feio, não chegava a ser bonito. Todavia, uma vez estabelecidas as relações sociais, e ultrapassadas as devidas apresentações, sabe-se estar diante de um cavalheiro: alguém que ultrapassa em muito os parâmetros médios da boa educação e que, do ponto de vista feminino, trata todas as mulheres como damas, independente da idade ou da condição social delas.

É importante explicar a ênfase que estou emprestando ao termo clássico. É para deixar bem claro que existem os mulherengos comuns, nada interessantes. São tão óbvios, os coitadinhos. Passam cantadas, dizem bobagens, elogiam demais. Integram a tribo dos galãs de parquinho ou paqueradores de ocasião. São muito chatos. Abordam mulheres na rua e até quando fazem compras em supermercados. Dizem gracinhas completamente inoportunas e não é raro que sua conduta ultrapasse os limites da tolerância média, ainda que não se comportem necessariamente como assediadores sexuais. Os mulherengos clássicos se conduzem de outra maneira. Mostram-se tão discretos que a gente deveria sempre suspeitar que, na verdade, são sonsos. Conseguem deixar claro seu interesse sem recorrer aos lugares comuns utilizados pelo paquerador vulgar. Valorizam a mulher, sabem como prestigiá-la, de sorte a fazer com que elas o julguem interessante exatamente porque parece quase desinteressado. Em resumo: o mulherengo clássico é um jogador de cartas, que investe muito em apostas crescentes com sucessivas rodadas. O paquerador vulgar, em compensação, não passa de um apostador que não vai além dos caça-níqueis.

 

 Conheci Alberto socialmente. A impressão deixada era de elegância, confiabilidade e discrição. Com o tempo, no círculo de amigos comuns, aos poucos ele foi revelando fatos sobre sua vida. Os laços de amizade se estreitaram, e ele jamais desmentiu aquela primeira impressão. Amigo de fé, absolutamente confiável nos negócios, excelente profissional e dono de um senso de humor capaz de transformar tardes de cafezinho no meu antigo escritório em grandes momentos sempre divertidos. Nosso pequeno e restrito grupo de amigos era, à época, bem fechado.

Com o passar dos anos, as tardes de café repetiam-se, e Alberto acabou falando mais de si próprio, no sentido íntimo mesmo, até que, em um dia qualquer que não tenho mais como precisar, o assunto recaiu nas coisas do coração. Até então eu tinha por certo que o pacato pai de família tivera uma vida comum, até porque vivia bem com esposa, filhos e um adorável poodle toy. Pensava eu que talvez houvesse casado como maioria, seguindo os protocolos: conhecer, apaixonar, namorar, noivar e casar. Depois é só seguir com a vida real e portar-se como todo mundo. Alberto não me pareceu nunca um tipo arrebatado. Quando me falou sobre amor e sobre uma paixão do passado, pensei comigo que se referia à mulher dele em tempos de namoro. Qual não foi, porém, a minha surpresa ao descobrir que a história ― uma longa e complexa história de paixão ― ele vivera com outra! O caso prolongou-se por muitos anos, mas houve desencontros e, por contingência, foram separados. No fim, ambos terminaram casados, com filhos, e mantiveram-se distantes, embora continuassem perdidamente apaixonados. Segundo Alberto, sofreram, choraram, mas mantiveram-se íntegros, como nos filmes de Hollywood, mesmo após um dramático reencontro que os colocou face a face.  Achei aquilo muito interessante, porque jamais teria imaginado um Alberto capaz de amores tão castos, quase heroicos.

 

 

Desde essa conversa, passei a prestar mais atenção àquele que começava a se revelar como um mulherengo, porém, a meu ver, do tipo clássico, porque, mesmo quando é infiel, não consegue ser cafajeste. Não! De modo algum! A traição deles é sempre compreensível, e acredito que mesmo a esposa o teria perdoado. Um mulherengo clássico é incapaz de uma traição. Ao contrário dos mulherengos comuns, ― que se confundem com os paqueradores vulgares e que chegam, no máximo, a cafajestes rodriguianos ―, os clássicos não mentem, não enganam nem simulam. Cafajestes, por exemplo, empenham-se muito na conquista da mulher só para abandoná-la depois. Gostam de lágrimas e se sentem homens quando fazem com que a mulher sofra. Agem como Dom Juan. Os mulherengos clássicos não. Eles sabem intuitivamente como evitar traumas, talvez porque seduzem sem mentir. Dizem a verdade, porque sentem de verdade aquilo que dizem, mesmo que seja mentira.

Nenhuma mulher se sente feia diante de um mulherengo clássico. Por algum feliz acidente que talvez só se explique pela combinação de planetas, eles gostam de mulheres e sabem bem como atiçar mesmo a mais inexpressiva das feminilidades. O romantismo é neles tão natural que a impressão que fica é a de que são os mais fiéis dos homens. Alberto revelou-se bem assim: fiel a todos os amores que colecionou ao longo da vida. Conquistava as mulheres, relacionava-se com elas, mas jamais permitia que a chama se apagasse. Para minha surpresa, aquele cavalheiro educado, respeitável pai de família, mantinha, além da esposa, vários relacionamentos amorosos, alguns com décadas já.  Apesar de surpresa, não havia como não rir daquela situação e da justificativa que ele dava ao seu comportamento: nunca se deve fechar uma porta atrás de si. Seja.

Contudo, apesar de cuidadoso, algo deu errado com seu casamento. Indiscretos comentários deram conta de que Alberto havia se separado da esposa, que o expulsara do lar conjugal, acusando-o de manter um caso com a mulher de um amigo da família recentemente falecido. Como eu soube do maldoso boato, na primeira oportunidade em que nos encontramos, não resisti à curiosidade e fui direto ao assunto:

― Então, Alberto. Ouvi dizer que você se separou. Fala sério! Verdade que você pegou a mulher de um amigo? ― perguntei.

Ao contrário do que se pode esperar da maioria dos homens, ele não estranhou a minha pergunta e tampouco se mostrou embaraçado com tamanha indiscrição. Apenas abriu seu sorriso mais simpático, balançou a cabeça e adotou a expressão da mais pura inocência:

― Mas eu jamais desrespeitaria a mulher de um amigo! Ainda mais a mulher do falecido João! Infelizmente, minha esposa — agora ex — se tornou uma mulher ciumenta e não entendeu o que nunca foi além de um gesto de solidariedade.

Embora achasse a história muito estranha, escutei a versão dele, que se sentia ainda injustiçado. A separação acontecera de modo dramático, com a expulsão de casa do suposto adúltero.

― Mas, então, e agora? Estás como? Morando onde?

― Estou morando com ela, respondeu-me.

― Com ela quem?

― Com ela…

Esse ela veio acompanhado de um sorrisinho, de sorte que compreendi então que a esposa efetivamente teve lá os seus motivos para enciumar-se. Ele, elegantemente, foi peremptório. Negou qualquer envolvimento com a mulher do amigo ao tempo da separação. ― Um cavalheiro jamais comprometeria uma dama! ― Passado algum tempo, porém, Alberto não teve como não se mostrar solidário com a viúva do amigo. Muito compreensível, naturalmente. Dessa solidariedade, então, teria nascido o novo relacionamento. Ou seja: ele permanecia inocente. Alberto e a viúva do amigo João foram ambos injustiçados. Se terminaram juntos, foi culpa do destino. Afinal, Deus sabe o que faz.

Assim, o irrepreensível cavalheiro mostrava enfim outros aspectos de sua personalidade. Devo confessar que me sentia absolutamente privilegiada. Afinal, eram confidências vedadas ao mundo feminino em geral. O mais interessante era observar que ele conseguia sempre permanecer com pleno domínio das circunstâncias: não se contradizia nunca, não se embaraçava nem se constrangia. Seu discurso, porém, sempre impecável, dava a entrever que se divertia muito entre amores e amadas.

 

O tempo passou. Minha vida mudou e também mudaram os amigos. Nesse ínterim, porém, aconteceu de nos encontrarmos uma vez apen

as, e isso, seguramente, há uns oito anos atrás. Alberto ocupava então um cargo importante. Perguntei onde estava morando e ele me respondeu estar sem endereço certo, porque morava, simultaneamente, com três namoradas que não sabiam umas das outras e na casa das quais ele dormia. Elas acreditavam que ele viajava muito e que só dispunha de um, no máximo dois ou três dias de amor por semana. Com esse engenhoso arranjo, ele era sempre esperado por suas namoradas, uma por vez, em clima de romantismo e de saudade a cada retorno das cansativas viagens de trabalho. Mais uma vez me senti privilegiada. Afinal, um mulherengo não costuma se revelar com tanta clareza. A lamentar que não nos encontramos desde então, até alguns dias atrás, quando conversamos virtualmente durante um encontro com amigos. Conversa divertida sobre os velhos tempos que recaiu, naturalmente, sobre o assunto mulheres.

 ― Então, Alberto? Ainda com três namoradas? Não, disse ele, rindo.

Pelo que pude perceber, agora são apenas duas namoradas que dividem pacífica e insuspeitadamente a posse do glamouroso Alberto. Sorte dele que residem ambas em cidades, na verdade em estados diferentes.  Desde então venho me perguntando quem são as mulheres que os mulherengos conseguem deslumbrar ou mesmo cegar por completo? Belas adormecidas talvez, que o mulherengo faz sonhar. Assim como os libertinos, os mulherengos ― os clássicos notadamente ― são tipos em franca extinção. Com eles, vão desaparecer também as belas adormecidas, os cavalos brancos, o glamour dos envolvimentos amorosos, os cavalheiros gentis que entregam seu coração, jurando amor ardente. E enquanto tudo isso aos poucos cai no esquecimento, à medida que desaparecem os mulherengos e suas amadas, a vida lá fora corre apressada, com relógios, compromissos, prazos e boletos.  

Da conversa sobre os velhos tempos, uma bela impressão. Ao me ver pelo vídeo, Alberto não me poupou do clássico: você não mudou nada nesses anos todos. Na despedida, uma promessa de vir a Porto Alegre. Parece que ele virá em algumas semanas. Mulherengos! Eu, hein?

Por Maristela Bleggi Tomasini

 

Gostei mas não me chame mais!

 

 

Atravessei nervosamente o enorme salão da Associação Cultura e Recreativa de Euclides da Cunha – ACRE e me dirigi à fila de cadeiras onde as daminhas ficavam sentadas durante o matiné de domingo e timidamente convidei para uma dança, a mais simpática, comunicativa e habilidosa nos passos de bolero. “Você aceita dançar comigo”, disse-lhe eu com a voz tremulo e olhar pidão. Ela mediu discretamente a minha pequena e desajeitada estatura e quase com pena prometeu-me a próxima dança.

 

 

 

 

 

Estávamos em meados dos anos 60. O espaço que posteriormente foi adquirido pelo saudoso Edmundo Esteves de Abreu que inteligentemente aproveitou a sigla ACRE e a transformou em Alvorada Clube Recreativo Euclidense, clube particular que fez histórias que encantam e marcaram a vida das gerações posteriores à minha.

 

O antigo ACRE era frequentado pela elite da cidade. Só os sócios (Importantes cidadãos que precisavam de certos requisitos para fazer parte do clube) e seus filhos podiam frequentá-lo. Na verdade, o clube não era conhecido pela sigla ACRE. Era a “Sociedade”. A Sociedade era uma espécie de galpão com várias janelas e uma única porta na sua extremidade direita. Durante os eventos que lá ocorriam, as janelas ficavam abertas para que a população que não tinha acesso ao clube pudesse assistir o que se passava nas festas, observar o comportamento das pessoas, em especial das moças e no dia seguinte comentar na cidade o que ali se passara.

 

À época, a Av. Ruy Barbosa era um misto de comércio e boas residências. Entre elas a de Pedrinho dos Campos,

sergipano de Simão Dias que se estabeleceu com comercio e residência na casa onde até hoje vive alguns dos seus herdeiros e é uma das poucas que se encontra absolutamente preservada embora sofra algumas desvantagens do progresso como denotam as grades que aprecem na foto atual do imóvel. Sr. Pedrinho e D. Argemira tiveram sete filhos. Entre eles, Aidê que reside até hoje no mesmo local e é figura querida na cidade. Sua idade é indefinida. Mas quem a vê de domingo a domingo correndo pelas ruas da cidade entre quatro e cinco horas da manhã, arrisca a lhe atribuir cerca de 70 anos.

 

Outro dos filhos do casal é o brilhante jurista Elieze

 Santos que ganhou essa grafia por obra e graça do saudoso escrivão Zuca Moura. Elieze é uma figura emblemática da Justiça Baiana. Como advogado de uma instituição bancária e no cumprimento do dever, foi vítima de um atentado que quase o deixa inválido. Para a felicidade dos amigos e do direito, Elieze continua atuante e respeitadíssimo nos círculos jurídicos do país. Low profile, Elieze de vez em quando aprece em Euclides da Cunha, gosta de bons vinhos, é culto, viajado e prospero fazendeiro no Sul da Bahia. Infelizmente as gerações mais recentes da cidade, sequer têm noção da importância desse cidadão.

 

 

Elieze não chegou a frequentar o Educandário Oliveira Brito. Terminou o curso primário bem antes da implantação do educandário. Eu terminei um ano antes e fui cursar o ginasial em Tucano retornando no ano seguinte para cursar aqui o segundo ano. Isso foi em 1963. Naquele ano, as meninas do educandário usavam esse uniforme que instigava e instiga até hoje os hormônios masculinos, mesmo que naquela época isso tivesse de ser escondido no mais recôndito dos nossos pensamentos. A foto das meninas é em frente ao portão principal do Educandário Oliveira Brito. A do desfile de Sete de Setembro é na Praça Duque de Caxias e o porta-bandeira à direita da foto sou eu.

 

 

 

 

Aidinha, irmã de Elieze, é outra euclidense vitoriosa. Bem-sucedida e conceituada médica em Salvador, ela passou pelos bancos do Educandário Oliveira Brito e frequentou as domingueiras da “Sociedade”. E foi numa dessas domingueiras que o menino tímido e franzino se dirigiu à bela Aidinha e fez o convite para dançar. “Olha Celso, estou um pouco cansada agora, mas me chame na próxima”, respondeu elegantemente.

Imagem meramente ilustrativa

Esperei ansiosamente que terminasse de rolar na radiola Zilomag do clube aquela faixa do Bienvenido Granda, “El Bigode Cantante” e nervosamente voltei a estender a mão para Aidinha. Aos trancos, barrancos (meus) e muita felicidade, terminei a aquela que fora a minha primeira dança e acompanhei a daminha até   ao local do seu assento e agradecendo perguntei: “E então, dancei direitinho?” “Dançou mas não me chame mais não!”, respondeu objetiva.

Desse dia em diante, toda vez que alguém me oferece algo que não gosto, aceito e experimento. Quando me perguntam: E aí; gostou? “Gostei, mas não me ofereça mais não”. Respondo sem titubear e sempre me lembro da querida amiga Aidinha.

 

 

Celso Mathias (publicação original em 12/2013

Receber é uma arte

                           Celso Mathias

Na agradável noite dessa sexta-feira, Karol e Luiz Mariano, receberam en petit comité, na sua confortável vivenda euclidense, para comemorar idade nova dela. Por lá, Úrsula e Orlando Jones com a pequena Ana, linda filha do casal, Railda e Daniel Oliveira, Joara e Kildere Moura, Aline e Fernando Porfírio, Iane Isnaia, Marcos Mariano, Clebson Santana, Sara e Celso Mathias.

 

 

Na agradável noite dessa sexta-feira, Karol e Luiz Mariano, receberam en petit comité, na sua confortável vivenda euclidense, para comemorar idade nova dela.

 

Por lá, Úrsula e Orlando Jones com a pequena Ana, linda filha do casal, Railda e Daniel Oliveira, Joara e Kildere Moura, Aline e Fernando Porfírio, Iane Isnaia, Marcos Mariano, Clebson Santana, Sara e Celso Mathias.


As meninas, Úrsula Lorrayne, Aline, Clebson, bendito sois entre elas, Sara, Karol, Iane, Railda e Joara

                   Terrine de Salmão com Avocato

 

 

 

 

 

 

 

No cardápio, uma cozinha  soberba, produzida pela expertise de Karol e Luiz Mariano.

 

 


Roast Beef Marinado

 

Entre outras delícias, degustamos, Terrine de Salmão com Avocato e Cream Cheese. Roast Beef Marinado, Quiche de Brie com Damasco e Caprese de Camarão.


Espumante Vezzi

Para beber, além do fantástico Espumante Vezzi, vinhos de diversas nacionalidade, cerveja e Scotch 12 anos.


Na sequência, Marcos Mariano, Fernando Porfírio, Orlando Jones, Luiz Mariano, Daniel Oliveira, Kildere Moura, todo médicos e eu, um estranho no ninho

 

 

Marcos Mariano, cunhado da aniversariante, médico em Salvador e em outras cidades da região, veio exclusivamente para abraçar a aniversariante e fumar um Cohiba com o Irmão, Luiz. Recolheu-se mais cedo para clinicar já na manhã de sábado. Ossos do ofício!


Chegou a hora de apagar as velinhas

Pois, todos devidamente vacinados e começando a sair do marasmo que enevoa as nossas vidas há quase dois anos. Viva a vida, viva a amizade e bom fim de semana para todos.

Você conhece esse ator?

  “Maestro” João de Matos, regendo o seu inacreditável Brazilian Day. Em breve, VidaBrasil vai fazer uma edição eletrônica da entrevista feita há 20 anos, quando o empresário batalhava pelo nome “Little Brazil”. Aguardem!                                                                                                      

 

 

Você conhece esse ator? Ele integra o elenco do novo projeto de Martin Scorsese, ‘Killers of the Flower Moon’. É ele mesmo, Leonardo DiCaprio (quase) irreconhecível em primeira foto de novo filme. A imagem mostra o ator  e Lily Gladstone como Ernest e a sua esposa Mollie Burkhart, uma mulher da nação Índia Osage.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Karol e Luiz Mariano novo depósito de brinquedos caros: uma super adega para 140 garrafas da bebida de Baco.

Cláudia e Ivo Barbosa, leia-se rede de lojas Bel Cosméticos, com o filho Pedro Ivo (avec) e mais um casal amigo, badalaram pela Casa do Porto na Rua Lorena, o melhor lugar para beber vinho e comer bem em São Paulo.

 

 

 

Pode até não ser rico. Mas que parece, parece! Falo do meu amigo Ubirajara Formiga, aproveitando a merecida aposentadoria em seu novo apartamento em Jampa.

 

 

 

 

 

O primeiro vôo de helicóptero tinha que ser na Barreira de Corais, na Austrália. A Grande Barreira de Corais, ao largo da costa de Queensland, no

 nordeste da Austrália, é o maior organismo vivo da Terra, visível até mesmo do espaço. O ecossistema de 2.300 km de extensão compreende milhares de recifes e centenas de ilhas feitas de mais de 600 tipos de corais duros e macios. Foi lá o primeiro vô de helicoptéro do querido casal Anatália e William Riley. Cidadãos do mundo, eles estão loucos para arrumar as malas e colocar o pé na estrada, digo, no jato!

 

 

 

Quem quer ajudar a tornar Miami Beach um lugar mais agradável para visitantes e residentes (ambos tipos de duas e quatro patas) e passar tempo com muitos e muitos felinos adoráveis? O Café Café South Beach está aceitando inscrições para cargos de voluntário.

O anuncio é da querida Celyta Jackson, hoje radicada em Miami. Tudo que vem de Celyta é sagrado!

 

 

“Maestro” João de Matos, regendo o seu inacreditável Brazilian Day. Em breve, VidaBrasil vai fazer uma edição eletrônica da entrevista feita há 20 anos, quando o empresário batalhava pelo nome “Little Brazil”. Aguardem!

De novo visual, Shirley D’Oro, competente advogada e vizinha no Kubitschek Plaza. Quantas boas lembranças!

Aída e Zezé Bastos, recarregando as baterias no paraíso de Imbasayh.

 

 

 

 

Em tempos de pandemia, Selmi Oliveira recebe homenagem do filho Marcus, advogado brilhante e amigo para todas as horas. Para a mãe:  “Obrigado por tudo que fez por mim nesta jornada. Pena ainda não poder te abraçar hoje. Beijo enorme. Te amo”!

Fizestes um grande homem, Selmi!

 

 

 

 

 

Saudades dos grandes encontros na mansão do Morro da Paciência, Quando Filomena Bordalo e Rodrigo Croft moravam na Bahia. Eles aparecem na foto como o amigo Tim t’Kint  no Restaurante Juan y Andrea, nas paradisíacas nas Ilhas Baleares

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Totem… cerâmica, arte fantástica de D. Clara Croft. Produzindo o consagrado Vinho Aphros, o filho dela, meu querido amigo Vasco Croft. Ambos são grandes artistas!

 

 

 

 

 

Tom Cruise, quem diria, devolve troféus do Globo de Ouro e NBC cancela transmissão de 2022. O ator supostamente devolveu seus três troféus do Globo de Ouro à Hollywood Foreign Press Association, após indignação contra os organizadores da premiação anual.

Muitos veículos revelaram que Cruise, de 58 anos, devolveu suas duas estatuetas de Melhor Ator, por Jerry Maguire: A Grande Virada, e Nascido em 4 de Julho, e seu troféu de Melhor Ator Coadjuvante, por Magnólia. O comunicado do ator surge em um momento que muitas estrelas de Hollywood criticaram a HFPA por sua falta de representação negra dentro do grupo, que vota nos vencedores do Globo de Ouro.

 

                                                                                      Por Celso Mathias

 

 

 

                                                                                                                                                                                                                    

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nunca mais

Eu desenhava e pintava, coloria o papel e só depois me permitia decifrar uma dor transformada em cores, riscos e palavras, que me chegavam em breves notas, cheias de sentidos ocultos, exatamente como faziam….

 

 

 

Cheguei a acreditar que não teria mais nada a escrever. Silenciar minha escrita foi consequência, todavia, não da escassez de palavras ou da falta delas, mas do luto pela definitiva ausência daquele que me lia e que me compreendia na escrita e no silêncio.

Para mim, escrever pensando naquele que mais profundamente me lia foi um jeito infalível de dar continuidade àquela deliciosa sedução que atualiza o amor no tempo. Quem viveu, no mínimo, da metade em diante do século XX, que o diga. Amores espetaculares. Grandes despedidas. Arrebatamentos. Algumas decepções. Saudades. Mas há o tempo. A juventude e a beleza que lhe é inerente, — ambas tão fugazes —, nos abandonam um dia. É preciso então reinventar a sedução e mesmo o amor. Cupido é criança, é cego e anda armado. Mantê-lo cativo, portanto, demanda o manejo de uma arte. Não mais naquela versão dos vinte anos, alimentada de hormônios, explosiva, glandular, plasmada no corpo que tantos, tão desesperadamente, tentam conservar, mas outra, uma versão mais sofisticada eu diria, que não apela aos sentidos, mas à memória deles. Afinal, seduzir é atiçar a imaginação.

Digressões à parte, fato é que, às vezes, o amor acontece na vida real. Ele sequestra e envenena duas almas e as mantêm unidas, mesmo quando a vida separa os corpos, mesmo quando estes sofrem com as agruras das enfermidades, mesmo quando o amor não convém. Amarração apesar de todas as circunstâncias e de todas as inconveniências. Há amores teimosos. Insistentes. Há amores felizes e também infelizes. Há amores óbvios, sob medida. E há os nossos, muito particularmente.

Contudo, não obstante sua tipologia ou sua pertinência, um dia o amor acaba. Não necessariamente ao mesmo tempo para ambos os envolvidos. Num processo que varia muito, lento, doloroso, violento ou angustiante, o amor se vai. Outras vezes, porém, ele é interrompido pela morte. A morte é clássica. Nem a Igreja, que pretende exercer a prerrogativa da salvação das almas, ousa contrapor-se ao fim do amor pela morte.

Das perdas que se têm, muitas são naturais e sabemos, desde certo tempo de vida, que haveremos de lidar com elas.  Dessas perdas, entretanto, talvez nenhuma seja tão drástica quanto a do ser amado. Inacreditável primeiro, sua irrealidade precisa ser suprida. Nascimentos e óbitos só acontecem nos cartórios: são tão inacreditáveis que demandam certidões. Não há espaço para o faz de conta. Não há como negar a morte, e é preciso vivê-la como imponderável que é, como tenho feito, ao longo de dias que não são mais os mesmos, de semanas que não se contam, e de meses que nenhum calendário nomeia. Vive-se um tempo repleto de vazio, cuja legenda, se houvesse, seria nunca mais. Morte sem cadáver, sabida de longe, por mensagem. Morte que, mesmo chegando diariamente a tantos, é sempre única. Morte anunciada, que há alguns anos espreitava o meu amado. Cercava-o, sedutoramente como outra mulher, e depois recuava, na última hora, tantas vezes, que eu já a acreditava amiga. Um fim anunciado. As últimas semanas eu já as vivi em dias sem amanhã, porque prevenida por ele, quando cantarolou para mim uma mensagem gravada em áudio: Giorni senza domani e il desiderio di te. Era a Casa d’Irene. Ele sabia ser muito sutil quando queria.

Mas a morte chegou. Ela concluiu sua parte e mais um pouco ainda, quando não me instruiu acerca do que fazer de mim agora sem ele. Que fazer de tantas e tantas palavras que eu ainda tinha a escrever? Que fazer diante da perda do destinatário da minha escrita, desde sempre, desde que eu nem sabia quem ele era, e ele tanto menos de mim conhecia. A escrita nos uniu, perante o divino sacerdócio das palavras que, uma vez dada aos homens, deu-lhes corpo e divindade. João não me deixa mentir: no princípio era o verbo. A carne veio depois. Exatamente como foi comigo e com ele. Porque o amor é mágico e poderoso. Supersticioso, louco, mas nada pode frente à morte. Convenci-me assim de que poria fim à minha escrita, tornada ela Julieta, suicida pelo desengano, buscando seguir o seu Romeu. Por algum tempo tal banalidade me consolou: nunca mais vou escrever ― dizia-me.  Depois pensei justamente que, por ser tão óbvia, ― e de duvidosa dramaticidade ―, esta não poderia ser uma escolha minha. Seria preciso vivenciar o luto pela perda daquele que, por tanto tempo, fora o destinatário de todos os meus pensamentos, palavras e obras, fossem eles santos ou profanos.

Prolongada e dolorosa despedida que me impedia de escrever. Angústia paralisante que me levava pelos caminhos da dor e da escuridão. Que me impedia a escrita, única alma que tenho, solitária entidade metafísica que me habita e na qual me reconheço. Alma silenciada, essa escrita recaía muitas vezes em obituários de vaidades, mais próprios a catalogar dores, a lamentar laços perdidos, mesmo os mais frouxos. Seria, para mim, demasiado óbvio chorar, por escrito, uma morte que nem mesmo me pertencia.

Por mais que os lugares comuns das saudades atinjam a todos quase da mesma maneira, eu não queria me enlutar, não convencionalmente ao menos. Seria inusitado. Quanto mais porque nunca protagonizei, naquela vida que se esgotou para o mundo, qualquer papel convencional. Liberdade e independência cobram solidão. Solidão combina com escrita. Mas eu nada conseguia escrever desde que aquela morte me acontecera. Descobri aí uma morte pronominal: que me afetara e não a ele. Não se tratava mais de pensar o morto, mas de pensar a morte em si, e o que ela me dizia daquele que me levou. Foi assim que caí presa de uma estranha perversão que quase me impediu por um bom tempo de escrever. Eu desenhava e pintava, coloria o papel e só depois me permitia decifrar uma dor transformada em cores, riscos e palavras, que me chegavam em breves notas, cheias de sentidos ocultos, exatamente como faziam quando eram por mim escritas àquele que se fora. Partida imperdoável.

Descobri que o culpava, porque ele desertara de mim. Abandonou-me na vida, entregue ao mundo, levando com ele todos os sentidos. Eu experimentava saudades e raiva. Esse sentimento tão mesquinho, quase odioso, não inspirava qualquer escrita, mas fazia-me riscar o papel, colorindo-o de mil maneiras. Foi preciso reaprender cada palavra depois, explorar o sentido de cada verbo e de cada frase diante de imagens que me apareciam como se viessem do além. Inventei Nunca Mais, morada dos mortos. Inventei Sinistro, lugar terrível, à beira do Estige, onde moram todos os que sentem saudades. Inventei lugares onde se vive a olhar para janelas abertas, onde há flores em vasos e vasos sem flores, imaginando que um dia o olhar de quem partiu pode descobrir que ali se vive ainda. Inventei gavetas e cortinas que, abertas ou fechadas, emprestavam alguma dinâmica a sentimentos tão contraditórios e densos, disputando a enorme sombra que ficou no lugar daquele que foi embora sem se despedir de mim. Inventei flores que eram sinos que tocariam sem parar, e outras, muito azuis, que floresciam em troncos ressecados. Inventei novas cores até. Pintei, desenhei e escrevi obsessivamente para criar com isso um luto que fosse apenas dele e que ninguém mais no mundo pudesse sentir ou imitar. Lancei-me contra a morte, amaldiçoei a fatalidade e persisti, sozinha contra o tempo: perene ameaça que retira até a força do veneno das flechas de Cupido.

Penso que a morte, assim como a vida, não tem nem faz sentido algum. Sempre me recusei às entregas místicas, ainda que conheça bem seu potencial como inspiração. A perda de sentidos, porém, é apanágio dos loucos e dos desesperados. Muito por conta disso é que a sanidade dos homens não dispensa a criação de significados, seja para justificar a vida, seja para explicar a morte, não raro negando-a como tal. Há muitas respostas prontas, na medida para quase todas as vidas e para quase todas as mortes. Basta aderir a uma fé ou crença. Os mais filosóficos que religiosos não buscam menos tais sentidos que encontram em filosofias de varejo ou de atacado, que vão da lógica formal até o absurdo mais completo e ainda além deste. Misticismo e lógica disputam entre si o primado da verdade, e mesmo dentro de nós há muitas lutas antes que se faça o silêncio e, depois, a angústia, que nos ensina que a morte existe e que ela é de uma realidade brutal.

Não há retorno possível, nunca mais. Além do inútil desespero, contudo, existe ainda a minha palavra que se lança contra o tempo, a fatalidade e a morte, esses três desconhecidos que devo afrontar, apesar de saber que agora não há mais o destinatário desta escrita, transformada em oração de quem não sabe rezar, mas sabe escrever, sempre, Rogério.

                                                                                  Por Maristela Bleggi Tomasini

 

 

Maristela Bleggi Tomasini é doutora em História Social pela USP – Universidade de São Paulo, SP. Possui Mestrado em Memória Social e Bens Culturais pela Universidade Lasalle. Formou-se em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, RS, em 1983, com habilitação específica em Direito Civil, atuando como advogada e consultora em Porto Alegre, RS. Atualmente desenvolve o projeto de pesquisa “A psicologia coletiva como resposta ao problema da criminalidade das multidões: uma perspectiva histórica”, nível de pós-doutorado em Psicologia Social junto à UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Você sabe mesmo fumar charutos?

 

Você que está começando, procure manter um registro dos charutos que experimentou anotando sua opinião sobre cada um deles. O registro o ajudará a lembrar-se das suas aventuras. 

                                                                                                                                                     

 

Derivado da palavra Tâmil “curuttu”, enrolar em espiral, que deu origem também à palavra “cheroot” em inglês e “cheroute” em francês, a palavra pode ter chegado à Europa com os navegadores portugueses. Aqui algumas dicas para quem aprecia o sofisticado hábito de dar baforadas em “Habanos” ou nos legítimos “Baianos” que nada devem aos primeiros e permitem que não só milionários possam fuma-los. Conheça os principais formatos, medidas e tire dele o melhor proveito e porque não; a melhor fumaça.

 

1 – Você que está começando, procure manter um registro dos charutos que experimentou anotando sua opinião sobre cada um deles. O registro o ajudará a lembrar-se das suas aventuras.

 

3 – Nunca masque ou morda a ponta de um charuto. Segure-o na mão ou apoie no cinzeiro. O ato de fumar estimula a salivação. Assim, se você deixar o charuto na boca, ele ficará molhado, entupindo o furo e prejudicando a puxada.

4 – Se você é um principiante e, não importa preço ou marca, nunca compre muitos charutos de uma só vez, pois suas preferências podem variar à medida que for aprendendo mais sobre o assunto.

5 – Se espera encontrar uma fonte confiável e consistente de charutos de qualidade – um lugar que lhe dará prioridade quando os charutos que você deseja chegarem – estabeleça um bom relacionamento com uma tabacaria e torne-se um cliente fiel.

6 – Bebidas e charutos combinam, por isso, alguns bares e restaurantes oferecem o produto para venda. Além disso, apesar das restrições, permitem que você leve o seu para fumar, sem cobrar por isso, diferentemente do que ocorre com as bebidas, em que é cobrada uma taxa de “

rolha” caso você leve a sua garrafa.

7 – É muito importante, muito difícil e extremamente dispendioso classificar charutos pela consistência que apresentam de caixa para caixa. Entretanto, a capacidade que um fabricante tem de produzir grandes charutos ao longo do tempo é primordial para a classificação da marca. Os iniciantes devem se concentrar nos charutos avulsos, mas não hesitar em analisar outro exemplar da mesma marca e formato em uma ocasião posterior comparando-o.


As diversas bitolas. Uma questão de gosto e/ou aparência.

                                                                                                  Por Celso Mathias

Audi Q8 50 TDI é um carro muito interessante

O Q8 é o topo da gama SUV da Audi e pelos adjetivos que a casa de Ingolstadt utilizou para descrever o SUV com pele de cupê, estamos perante um carro pensado para utilizadores que pretendem um SUV inteligente, diferente do comum e que consiga, apesar da forma, ser pratico o suficiente para não ir buscar um Q7. Valerá este Q8 a diferença de preço face ao Q7? Vamos ver.

 

Exterior – O Q8 segue o estilo do A8, o modelo que corre a seu lado na linha da Audi. O Q8 é, claro, um topo de linha e parece, no estilo, um automóvel caro. Porquê? O Q8 tem quatro portas sem molduras nas portas e uma traseira muito inclinada que desenha a forma cupê. A enorme grelha dianteira marca a frente do carro, adicionando-se cavas das rodas generosas e musculadas, faróis e lanternas LED, com uma barra luminosa que unem as lanternas traseiras, completam um estilo musculado que não é nada aborrecido, bem antes pelo contrário, mas incapaz de promover unanimidade. Literalmente, há quem adore e quem odeia o estilo do Q8.

Interior – A Audi sempre fez interiores de qualidade e de muito bom gosto e não falhou com o Q8. Simplesmente fabuloso o habitáculo do Q8, forrado a pele e com um conjunto de três monitores que se complementam: um que funciona como painel de instrumentos (Virtual Cockpit), outro que alberga o sistema de info entretenimento e um terceiro onde, entre outras coisas, está o controle do sistema de climatização. Os comandos são fabulosos ao toque, servindo uma ligeira resistência que adiciona a sensação de qualidade. Mergulhar nos vários menus dos sistemas pode ser assustador numa primeira abordagem, mas rapidamente percebemos como tudo funciona.

 

Vamos muito bem sentados com bancos de qualidade, confortáveis e com ótimo suporte. Há muito espaço dentro do Q8, inclusive no banco traseiro e uma bagageira muito aceitável, mas que tem o acesso sacrificado pela forma do acesso e da parte traseira do carro. O banco traseiro pode ser rebatido para alargar a capacidade da bagageira. Evidentemente que não há os dois lugares extras do Q7 e a mala é menor, mas quem quer um Q8 não está preocupado com as questões práticas, com a capacidade da mala ou até a falta de dois lugares extras.

 

 

Equipamento – Como sucede habitualmente, o equipamento de um Audi é um jogo de paciência para coordenar tudo aquilo que é oferecido de série e o que passa a estar nos pacotes de equipamento e nos opcionais. Assim, de série, o Q8 oferece rodas de liga leve de 19 polegadas, faróis LED, assistente de máximos, lanternas traseiros LED, luzes diurnas LED, regulagem dos faróis, pacote Audi Exclusive negro, capas dos espelhos na cor da carroceria, spoiler traseiro, vidros com isolante térmico, bancos com apoio lombar elétrico, rebatimento do banco em 40/20/40, volante de três raios com patilhas, ar condicionado automático, espelhos exteriores com regulagem elétrica, rebatíveis e aquecidos, bagageira com trava elétrica, Audi Virtual Cockpit, sistema MMI com rádio Plus, sistema de navegação Audi connect Navigation & Infotainment, Smartphone interface e Blutooth, Audi pre Sense dianteiro, câmara multifuncional, câmara traseira, sistema de estacionamento Plus, cruise control com limitador de velocidade, chassis com amortecimento de comando eletrônico, controle de amortecimento na suspensão, reconhecimento de ocupação do banco, quatro anos de garantia ou 80 mil quilômetros e mais uma mão cheia de coisas. Tudo isto dentro do preço de 117.520 euros em Portugal.

 

Consumo – A Audi reclama para o Q8 50 TDI – equipado com o V6 de 3.0 litros com 286 CV – um consumo misto de 6,6 litros por cada cemde quilómetros. Entretanto, a média encontrada nos testes, foi de 7,6 l/100 km. Um resultado ainda assim muito interessante. Apertando com o andamento, chegar aos dois dígitos não é tarefa complicada. Porém, perfeitamente admissível num carro que pesa nada menos que 2145 Kg.

Ao volante – Como seria de esperar, o AudI Q8 nesta versão 50 TDI com o motor V6 mais potente, é rápido apesar de mover mais de duas toneladas de peso. Mas, sobretudo, é um automóvel muito confortável que está perfeitamente à vontade a devorar quilômetros. E mesmo com as enormes rodas com pneus puramente de estrada (apesar de ser um SUV), o conforto não é prejudicado. O reverso da medalha é que o Q8 não oferece particular emoção ao condutor. Faz tudo bem, mas sem centelha de emoção.

Motor – O conhecido motor V6 do grupo Volkswagen, com 3.0 litros e aqui numa versão mais potente com 286 CV e 600 Nm de binário, serve que nem uma luva ao Q8. Consegue levar as mais de duas toneladas do Q8 50 TDI dos 0-100 km/h em muito respeitáveis 6,3 segundos, não é um sorvedouro de combustível, sendo refinado e muito agradável de utilizar, acoplado à caixa automática Tiptronic com oito velocidades, que explora o muito binário existente entre as 2250 e as 3250 rpm.

 

Ficha técnica

 

Motor V6 com injeção direta turbo diesel com intercooler

Cilindrada (cm3): 2967

Potência máxima (CV/rpm): 286/3500 – 4000

Transmissão: Integral permanente com caixa de 8 velocidades automática

Direção: Pinhão e cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (ft/tr): Independente, multibraços, pneumática

 

Freios (fr/tr): Discos ventilados

Aceleração 0-100 km/h (s): 6,3

Velocidade máxima (km/h): 245

Preço da versão testada (Euros): 140.452€

Preço da versão base (Euros): 116.270€

 

 

JM Costa