100 anos de Hélio: uma história de amor

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Acordei hoje com a alma leve e, após ler uma postagem da Flavia Carvalhinho sobre um centenário, fiz um rápido passeio pelo Google e olha eu aqui novamente na minha querida Chapot Presvot, a rua mais glamorosa da Praia do Canto. Mais uma olhada, dessa feita, no Facebook e olha ele lá; o Hélio, ele mesmo, na mesma janela e o mesmo poderoso saxofone ao entardecer. Ele completou 100 anos hoje! E aí foi um turbilhão de lindas lembranças dos dois quarteirões entre a Eugênio Neto e a Saturnino de Brito.

Ente os núcleos do trecho, o Edifício Elvira Maria, o primeiro construído pelo grande incorporador e homem público, Crisógono Teixeira da Cruz, prefeito de Vitória, quando mudei para aquele pequeno paraíso. Os meus vizinhos, o agitado inglês, Bruce Hines, o vereador Hélio Machado, O incrível professor de matemática, Eder Machado e sua linda Luciana Thomé, a chic loja de calçados da Leila, que com o marido, nos deixou tão cedo em um acidente automobilístico, o incrível Hélio Abreu Moraes e seus dois filhos. Helinho, à época um jovem estudante de Medicina e Helder, filho caçula do casal que tinha como matriarca, D. Irene, doce poetisa que contrastava com a irreverência do Hélio.

Solteiro, mudei para o Elvira Maria e ocupei o apartamento 01, no térreo e francamente, nunca fui o vizinho mais civilizado. Exagerava na altura do som. Logo nas primeiras noites, o síndico, Sr. Hélio desceu para reclamar. Em uma crônica da ainda na edição impressa da Revista VidaBrasil, usei da licença poética para contar que o Hélio descera para reclamar e amanhecera o dia na festa. Na verdade, ele desceu, reclamou, foi convidado a entrar, viu que eram apenas jovens bebendo cerveja e lá ficou até certa hora da madrugada. Daí em diante, nunca mais parou de descer para reclamar e, para a alegria de todos; ficar.

E que surpresa agradável, descobrir que o Hélio, que há quarenta anos, embora com idade de ser meu pai, me tratava como amigo, bebíamos juntos, muitas cervejas e caipirinhas, continua saudável e lúcido, nos presenteando hoje, 09 de novembro de 2021, com 100 anos de sapiência, encantando a todos com seu bom humor, talento musical, contando histórias que só ele pode contar e me ajudando a contar histórias de um lugar e de um tempo tão bom!

 

Na casa à direita em sentido da Aleixo Neto, a família Coelho. D. Maria de Lourdes que era só simpatia, o marido Argemiro, que todos chamavam de Zezinho, a menina Isabel, uma bela teenager, o menino Bell e Marcos, que entrou para o mundo da moda com a vitoriosa etiqueta Jimmy Lapin. Na sequência, a Banca do Japonês, o querido Flávio, que nos deixou tão cedo. A banca continua por lá até hoje, no antigo prédio, se não me engano, da família Fernandes Moça.

Em frente ao Elvira Maria, a Rosa Amarela, a boutique feminina de Nely que depois recebeu um setor masculino sob o comando de Nagé, seu marido e grande praça. Além de ótimos no que faziam, eram pessoas muito queridas da cidade.

No mesmo imóvel da Rosa Amarela, no primeiro andar, pouco mais do que um menino, Wildson Pina dava os primeiros passos para se transformar no grande profissional de beleza e bem-sucedido empresário. À época, já o acompanhava na batalha do dia a dia, o não menos querido Emílio Frizzera. Eles continuam fazendo história e deixando as pessoas mais belas e felizes.

Na mesma calçada, Dr. Carlos Schwab e D. Maria Agar, ela saudável e lúcida aos 95 anos, criavam os filhos Antônio Carlos (Gugui), Nando, as filhas Carminha, Inês e Irene, hoje médica e casada com o namorado da época, o sempre gentil Ítalo Baldi, que generosamente me supriu de informações para reconstruir o trecho da rua.

 

Tudo pertinho. À direita no sentido da Saturnino de Brito, uma das lojas do Supermercado São José, ponto de compras e de encontros. No quarteirão seguinte, à esquerda, o Bar do Valdecir Lima e do Gil Quintela Torres onde as serestas varavam a madrugada. Na sequência a encantadora Chácara Von Schilgen. À esquerda, com a brisa do mar da Praia do Canto soprando no rosto, uma visita ao varandão do Iate Clube para um bate-papo com os Coser, Gersino, Otacílio e filhos, Edgarzinho Rocha, Zé Carlos Gratz, Carlos Guilherme Lima, Taca Paiva, Aécio Bumachar e tantos outros que marcaram a vida da cidade.

Muitos desses, já são apenas saudades. Outros dessa encantadora Praia do Canto, continuam fazendo de Vitória, a capital mais humana e encantadora do país, além de ter marcado definitiva e positivamente a minha existência!

 

 

 

                                                                         Por Celso Mathias

 

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6 comentários

  1. Eu tive o prazer de conhecer o Dr.Helio, tem idade , mas o espírito sempre foi jovem.
    Parabéns Hélio, que Deus te dê ainda muitos anos de alegria e muita saúde

  2. Belo e bem-tecido texto, meu amigo. Me trouxe mais uma vez imagens de gente querida com quem vivi – meus tempos de ouro de inquilino seu no 01 do Elvira Maria -, como o doce seu Hélio, a bela dona Irene, Helinho e Helder. São saudosas lembranças daquele quartier da Chapot Presvot com Aleixo Neto e Joaquim Lírio mais braços dados com Rio Branco e Constante Sodré, que você retratou tão bem. Meu coração mora um tanto ali, você bem o sabe. E é um alento com brisa pegar carona em sua narrativa sobre aquela ilha 🏝️ que tanto amamos eu & minhas realidades internas. Bem como você, que faz parte do melhor de Vitória.

  3. Parabéns. Linda crônica. Lembrança de pessoas e expecionais. Uma perfeita visão de um bairro maravilhoso. Abraços

  4. Parabéns Celso, que memória privilegiada, em poucas palavras você reviveu a história da Praia do Canto!
    Abraço

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